O Parque Sombrio - 1

A Ilha de Paquetá é uma pequena ilha localizada no centro da Baía de Guanabara, estado do Rio de Janeiro, e ligada à cidade apenas através de barcas pegas na Praça XV de Novembro, na cidade do Rio de Janeiro. Um local bucólico e ao mesmo tempo belo, palco de ilustres visitantes como Dom João VI. Uma de suas principais atrações turísticas é o Parque Darke de Matos, um recanto de beleza sem igual situado ao sul da Ilha. O dia estava ensolarado naquela tarde de Janeiro em Paquetá. Pássaros cantavam e crianças brincavam no gramado do parque. Isabela completara dezesseis anos dois dias antes, e passeava exuberante no vestido de renda que ganhara da mãe. Religiosa e responsável costumava estudar nas tardes livres em um dos mirantes do Parque. "Ali me sinto mais perto de Jesus", dizia quando questionada. Carregando seus livros de português perdeu a noção do tempo e não notou que os risos das crianças cessaram e que aos poucos os pássaros sumiam. Apenas percebeu o avançar da noite quando ficara difícil ler e voltou a realidade. Olhou seu celular e viu que já passavam das seis da tarde, e em muito pouco tempo escureceria. Assustada e com medo de ser encontrada por algum guarda municipal (não queria levar bronca), pegou suas coisas e desceu pela trilha que subira horas antes. Enquanto corria sua respiração pesava mais e mais e sentia um nervosismo maior na medida em que escurecia cada vez mais rápido. Sem prestar atenção acabou tropeçando em um galho solto e caiu com as nádegas no chão. Riu consigo mesma pelo medo que sentia e levantou-se rápido, limpando com rapidez a terra de sua saia. "Estou em Paquetá! Deixa de ser nervosa... Rasguei o vestido...", diz para si mesma percebendo um pequeno furo na ponta da saia. CRAC! O som interrompe sua mente e a deixa preocupada. Não é algo normal para a hora. Seria um galho quebrado? Um lagarto? A dúvida assombra a mente de Isabela, que começa a caminhar mais rápido. Deixa para trás seu material de escola, com a mente ocupada pelo som. CRAC! Não foi um acidente. Foi proposital. Isabela retoma a corrida, agora mais assustada ainda. Não se dá conta do cenário a sua volta e nem se preocupa com mais nada além de correr. Novamente se desequilibra, mas consegue retomar o passo até que chega a uma bifurcação. Se estivesse em condições normais lembraria que o caminho da esquerda era o que a levaria para o final da trilha, o da direita a guiaria para uma parte dos túneis do Darke de Matos. Sua mente pensa em... CRAC! Escolher? Com o som mais proximo? Ela segue seu rumo natural (é destra) e chega até uma pequena clareira com três túneis parcialmente obstruídos pelo tempo. Lendas e causos Paquetaenses dão conta que eram antigos depósitos de corpos de escravos. Isabela está nervosa demais para se lembrar desses detalhes. Vira-se para tentar fugir quando algo lhe atinge a cabeça. A última coisa que vê é a luz do luar quando seus olhos procuram o céu e a salvação por Cristo... No dia seguinte seu corpo é encontrado no parque. Isabela foi abandonada em um pequeno palco que existe na parte central do Darke.. Está sentada em uma cadeira escavada na pedra. Completamente nua e com diversos hematomas que deixam claro que foi violentada, mas suas mãos estão encostadas e fechadas em formato de concha, com um pequeno papel mantido firme entre elas. Os policiais não se arriscam a tocá-la antes da chegada dos legistas, apenas se ocupando em manter curiosos distantes. Os pais dela chegam e choram. Tentam tocá-la mas são impedidos pelas autoridades. Lágrimas escorrem, pois Isabela era querida por todos na Ilha, e agora nunca mais poderia realizar seu sonho: ser professora. E Isabela não seria a última... Continua. Outras Partes de "O Parque Sombrio": - Parte 1; - Parte 2; - Parte 3; - Parte 4; - Parte 5 (novo);

2 comentários:

  1. Carioooooooooooo velho que sinistra essa historia...
    Ta virando Stephen King?!??!
    Esse conto foi foda ainda mais para quem conhece o parque darque de matos. Abs,

    ResponderExcluir
  2. Perfeito! E que venha a continuação.

    ResponderExcluir

Cuidado com sua postura ao comentar:
A responsabilidade pelas opiniões expostas nessa área é de de seus respectivos comentaristas, não necessariamente expressando a opinião da equipe do Pensamentos Equivocados.